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História da joalheria

Minhas tiaras favoritas

Amo tiaras. Elas são minhas joias favoritas. Talvez porque tenha assistido à Sissi na infância ou porque tenha assistido a muitos filmes da Disney. Não, não é por nada disso. É porque elas são as peças mais incríveis em sua complexidade e em sua raridade. Não são vistas todos os dias nem a qualquer hora. São joias especiais cobertas de significados e de histórias. Essas são cinco das minha preferidas, mais um bônus.

Coroa da Princesa Blanche, filha de Henrique IV, usada em seu casamento, aos 10 anos, com Ludwig III, Elector Palatine em 1402. Foi realizada entre 1370 e 1380, aparecendo num inventário de 1399. É uma coroa com ouro, safiras, rubis, esmeraldas, diamantes, pérolas e esmalte. Considerada a coroa intacta mais antiga da Inglaterra, com o casamento passou a fazer parte do Tesouro Palatino em Heidelberg. Em 1782, foi transferida para o Tesouro de Munique (Residenz Museum), com peças da família Wittelsbach.
Blanche representada com seu marido Ludwig III, Elector Palatine, em imagem datada de 1435.
A Tiara Bragança ou Tiara Brasileira foi um presente de casamento dado por D. Pedro I, Imperador do Brasil e Duque de Bragança, a sua segunda esposa, Amélia de Leuchtenberg, em 1829. Os diamantes pertenciam à Imperatriz Leopoldina, sendo assim a coroa teria sido feita após sua morte em 1826. Em carta a sua mãe, Amélia contou que a tiara havia sido feita com os melhores diamantes do Brasil em vários tamanhos e de uma tal pureza que parecem ser feito de água. Amélia era a filha mais nova dos Duques de Leuchenberg. Sua irmã Josefina, rainha da Suécia, herdou a tiara com sua morte em 1873. Hoje ela está sob a guarda da Bernadote (marido de Josefina) Foundation e a Rainha Silvia é a única pessoa que a usa. É a maior tiara da Coroa Sueca.
Amélie de Leuchtenberg, Imperatriz Consorte do Brasil entre 1829 e 1834. Silvia da Suécia em foto de 1976 e de 2010, no casamento de sua filha Vitória.
O conjunto de joias com águas-marinhas que pertence à rainha Elizabeth II, não somente foi confeccionado com águas-marinhas brasileiras como foi realizado, com a exceção da tiara, pela filial carioca da joalheria londrina Mappin & Webb e presenteadas pelo nosso governo em três ocasiões. Em 1953, o Presidente do Brasil e seu Povo deram à rainha o colar e os brincos pela sua coroação. Em 1958, foi a vez do Governo Brasileiro dar a pulseira e o broche que combinam perfeitamente com as peças anteriores. Em 1957, a rainha encomendou uma tiara a Garrards & Co, importantíssima joalheria inglesa e responsável por muitas joias da coroa desde 1735. A gema principal do nosso colar, que era um pingente destacável, foi substituída por uma menor, para se tornar a peça central da nova tiara. Para completar, sua visita ao Brasil em 1968 rendeu mais uns presentinhos em água-marinha, Por isso, em 1971, foi pedido a Garrard que incorporasse os quatro ornamentos laterais feitos a partir dos últimos presentes e a tiara ganhou o aspecto que conserva até hoje.
Elizabeth II, em duas diferentes ocasiões, recebendo dignatários ibero-americanos em jantares de gala. Neles, ela sempre usa o conjunto brasileiro.
A tiara de camafeus da Coroa Sueca foi feita para a Imperatriz Josephine, esposa de Napoleão, pelo joalheiro francês Marie Etienne Nitot (Chaumet), em 1811. A tiara fez parte do dote de sua neta Josephine de Leuchtenberg, quando ela se casou com Oscar I, rei da Suécia. Ela pertenceu sucessivamente a todas as rainhas da Suécia até chegar à esposa de Gustavo Adolfo, a Princesa Sibylla. Suas filhas Birgitta, Desirée e Cristina usaram esta tiara em seus matrimônios, assim como sua nora a rainha Silvia e mais recentemente sua neta Victoria, princesa herdeira do trono sueco, criando uma tradição de família em torno da peça.
Josephina de Leuchtenberg, futura rainha da Suécia, em retrato de Fredrik Westin, de 1837. Victoria, princesa herdeira da Suécia, em seu casamento, 2010.
Minha Tiara, mais conhecida como Tiara Mike Todd, foi dada a Elizabeth Taylor pelo marido n° 3 em 1957 e usada na entrega do Oscar desse ano, no qual ele, como produtor, levou o prêmio de melhor filme por A volta ao mundo em 80 dias. Da década de 1880, a tiara reúne diamantes lapidação old mine montados em platina e ouro. Ela foi a zebra total do histórico leilão de suas joias realizado em dezembro de 2011. O valor estimado era de US$ 60-80.000 e o martelo bateu em US$ 4.226.500. Tudo isso simplesmente porque era uma das joias preferidas da deusa.
Elizabeth Taylor na noite do lançamento de Lawrence da Arábia, em Paris, 1963.

Bônus: uma linda tiara de diamantes

The Girls of Great Britain and Ireland Tiara foi realizada em 1893 pela Garrard & Co, como presente de casamento para a Princesa Victoria Mary of Teck, futura Rainha Mary e avó paterna da Rainha Elizabeth II. O presente foi dado pelo comitê organizado por Lady Eve Greville que tinha como principal objetivo levantar fundos para ajudar garotas inglesas e irlandesas, daí o nome da tiara. A Rainha Mary a deu como presente de casamento à sua neta, em 1947, já dividida em duas parte: o bandeau com losangos e a tiara propriamente dita, que podem ser usadas juntas ou separadas. Das 63 tiaras listadas, essa é uma das minhas preferidas. Ela é leve e jovial. Há ainda outras 27 das quais se tem notícia da existência, mas que não são vistas há décadas. Elas podem ter sido desmanchadas ao longo da história ou aparecer a qualquer momento. Eu fico aqui atenta e de dedos cruzados!
Elizabeth II com a Tiara e o colar de águas-marinhas do conjunto brasileiro, s.d.
A jovem princesa com a tiara, o colar que recebeu de presente do Nizam de Hydebarad, o broche de laço Dorset, também presente de casamento, mas de sua avó a rainha Mary, e os brincos de pérolas da rainha Vitória, 1952 (?)

Há ainda as infinitas tiaras de diamantes, as tiaras de cinema, as tiaras menores que são meros adornos de cabelo, as tiaras contemporâneas e suas infinitas releituras dessa tradição. Amo tiaras!

Alerta! Assistam o vídeo que foi divulgado hoje (02abr2020)!!!

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