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História da joalheria

Trifari – bijuteria também tem história

Muito de vez em quando falo de joias fantasia ou costume jewelry ou bijoux fantasie. Gosto de usar este nome quando falo de bijuterias de qualidade, que inclusive são capazes de sobreviver ao tempo com tanta graça quanto uma joia feita de metais nobres e gemas. A boa bijuteria também é arte, é um investimento e merece muito carinho.

A Trifari é uma daquelas marcas que fazem os apreciadores de bijus darem pulinhos. E foi mais ou menos isto que aconteceu comigo na feira do Bixiga. Dei muitos pulinhos quando encontrei esta caixinha. Vocês já sabem que joias em seus estojos são sempre uma alegria para quem as estuda, mas uma biju na caixa é quase um milagre. Creio que as peças intercambiáveis que a Trifari fez nos anos 60 e 70 costumam ter suas caixinhas preservadas pelo simples motivo de que com elas as partes não se perdem. Foi assim que ela chegou até os dias de hoje. Muito maltratada pelo tempo, toda desbotada e manchada, como acaba acontecendo em nosso clima prá lá de tropical.

Anel com conjunto de cabochões de resina intercambiáveis em seu estojo original, Trifari, produzido entre 1960 e 1970.

Criada em 1910, em Nova York, a Trifari tem sua origem no desejo do imigrante italiano Gustavo Trifari de usar seus conhecimentos de ourivesaria para realizar joias fantasia de alta qualidade. A aproximação com o mundo da Broadway e de Hollywood chamou a atenção das mulheres que buscavam o glamour das estrelas a preços acessíveis. Em 1930, o ex-funcionário da Van Cleef & Arpels, Alfred Philippe, tornou-se o designer-chefe da empresa e fez com que o apuro técnico com que as bijuterias eram feitas se tornasse maior ainda.

A Trifari já deixou para trás seus dias de glória, quando chegou a ser a maior e melhor fabricante de joias fantasia dos EUA e era usada por rainhas e estrelas. A marca hoje vive um impasse terrível. Em 2000, ela foi comprada pela gigante Liz Claiborne, que na época ainda era a maior empresa varejista de moda feminina dos EUA. Com a súbita derrocada desta empresa, ninguém sabe qual será o destino da agora centenária Trifari, que vem sendo jogada de empresa para empresa em infinitas fusões e aquisições desde 2007, produzindo peças de baixa qualidade e sem assinatura. A última notícia relata que sua atual dona, Kate Spade & Company, renovou três das marcas registradas mais importantes da Trifari em 2007.

Espero que ela seja comprada por alguém que ame sua história e seus arquivos sejam revisitados e atualizados. Por hora, quem a ama são antiquários e colecionadores. Um deles, Maureen Brodsky, publicou em 2016 um livro sobre a história da empresa. Ele vai para a minha interminável lista de possíveis aquisições.

Uma foto para ver de perto os mecanismos das argolas e do anel Trifari.

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