Esse fim de semana foi bastante intenso: muitas joias. Houve a primeira Brazil Jewelry Week e o lançamento do livro Joias do Brasil: um olhar contemporâneo, ambos em São Paulo. Fazia tempo que não me deparava com uma sequência de eventos de joias assim. Primeiro, porque eles são raros e não costumam coincidir. Segundo, porque costumam ser acanhados ou realmente em um tom mais intimista. Sobre o Emmy 2019, falo depois.
Brazil Jewelry Week reuniu 73 joalheiros que apresentaram seu trabalho para o público, algumas exposições, performances e palestras. Por isso mesmo, pude rever amigos e colegas, conhecer muitos novos talentos, conversar bastante. Apreciei alguns trabalhos encantadores e outros intrigantes. Gosto de todo o espectro. Amo joias, quaisquer joias. Confesso que preferi trocar ideias e experimentar joias em vez de fazer fotos. Havia muitos estímulos maravilhosos. Por isso, eu não seria capaz – estou enferrujada – de construir boas imagens que fizessem jus à qualidade do que era apresentado. Pior ainda, como editar sem deixar de fora tantos joalheiros e peças interessantes? Melhor não arriscar!
Como ilustração, só as duas que vieram morar comigo. O broche é uma peça que faltava na minha coleção cada dia maior. A recente exposição da joalheira japonesa Mari Ishikawa, trazida por Alice Floriano para o Museu A Casa, trouxe a possibilidade da aquisição. Já a pulseira é um desejo antigo de ter uma dessas peças de coco de piaçava da Atitocou, lá de Ilhéus, terra da minha mãe. Não sei pelo que me apaixonei primeiro: a beleza, o nome, o colorido, o material ou a baianidade. Conheci há um tempo atrás, creio que numa Paralela de antes de entrar na caverna da vida acadêmica.
O nome disso é very slow blogging e, na verdade, slow living. Não me arrisco mais a querer ser abrangente demais, completa demais, exagerada demais, perfeita demais. Por falar em perfeição, as fotos a seguir são de alguém que assistia palestras sentada tranquilamente e não de uma blogueira ensandecida – que já fui – buscando o melhor ângulo. Fica o registro. Dias melhores virão.
Esse foi mesmo um fim de semana de muitas joias, trocas e abraços.
A joalheria brasileira é antiga, mas dispersa. Os fóruns são restritos e as vertentes, muito distantes. A contemporaneidade exige que sejamos bem mais precisos com idéias, conceitos e palavras, o que ficou muito claro em alguns debates. Vejam que estou sendo bem genérica ao nomear a joalheria, porque só isso já dá confusão. Minha primeira experiência nesses fóruns foi numa noite de 1987 ou 1988, em reunião no Centro Cultural Laura Alvim, no Rio. Eu era só uma fedelha metida, porém vi os ânimos se exaltarem com uma sugestão de associação que nem conseguia se nomear. Desde então aprendi a ser cuidadosa com termos como artesanal, autoral, artística, contemporânea, tradicional, moderna… São tantos! Hoje, há questões em igual medida importantes e delicadas, como lugar de fala, diversidade, desenvolvimento sustentável.
O que importa é que estamos mais atentos e dispostos. Há mais oportunidades de encontros e reflexão, como esse evento de dois dias, proporcionado por Chrissie Barban e Miriam Mirna Korolkovas. A elas, um super agradecimentos. E que venham outros!
2 Comments
Flavia Fagundes
26 de setembro de 2019 at 13:05Realmente falar dos conceitos que envolvem a joalheria é muito delicado! A parte boa como você pontuou, é que existem mais espaços hoje pra essa discussão e devemos continuar conversando pra que essas ideias evoluam.
Eu também adorei o evento. Pena não ter conseguido ir no lançamento do livro que tô doida pra ver.
Ana Passos
26 de setembro de 2019 at 17:43Criemos mais espaços. Beijos