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Pelo mundo

Zelda Kaplan e Iris Apfel, quero ser como elas quando crescer!

A melhor coisa de acompanhar os desfiles da New York City Fashion Week nos anos 2000 foi descobrir umas personagens maravilhosas, cheias de vida, sabedoria e muita atitude fashion.

Iris Apfel nasceu em 1921 e sua mãe já tinha uma loja de moda. Ela trabalhou em revistas e também desenvolveu projetos com decoradores e ilustradores. Sua paixão são os têxteis, padronagens, estamparias e acessórios. Ela e o marido Carl tiveram durante décadas uma empresa do ramo, a Old World Weavers. iris circula em tudo que tem a ver com arte e moda, trabalhando até hoje como consultora de moda e estilo e desenvolvendo várias colaborações.

Iris Apfel

Para conhecê-la um pouco mais tem muita coisa disponível, até porque ela ainda está na ativa e com muita energia. Há um documentário sobre ela chamado Iris, dirigido por Albert Maysles, em 2014. O trailer está aqui. Há ainda o catálogo da exposição Rare Bird of Paradise, realizada no Costume Institute do Metropolitan Museum de Nova York, em 2007. Por último, há o livro Iris Apfel Accidental Icon – musings of a geriatric starlet, editado pela Harper Design, em 2018.

Zelda Kaplan já nos deixou e é muito menos lembrada. Por isso, trago aqui um pouquinho do já escrevi sobre ela anos atrás.

“I never, never, never tell anyone they shouldn’t do anything. Never.”
Zelda Kaplan

Foram quase 96 anos de pura atitude fashion. Quando Zelda Kaplan não estava na noite novaiorquina (sério mesmo: tipo 3 festas por noite), ela dividia seu tempo entre seu trabalho humanitário, seu discurso feminista, suas longas viagens à África e a criação de modelitos com os tecidos, objetos e referências colecionados a partir de suas viagens. Com relação à sua idade e à sua inegável vitalidade, ela dizia: Sou uma pessoa curiosa. Quero continuar aprendendo até o fim. E quando acabar, acabou.

Zelda Kaplan era uma enciclopédia ambulante de cores, texturas e lições de vida.

Zelda era cheia de máximas que repetia em suas inúmeras entrevistas. Ela dizia que não gostava de moda, mas que gostava de desenhos, de materiais, de estampas, de sentido estético, de estilo.  Ela acreditava que, se você está bem vestido e é autêntico, é capaz de elevar a atmosfera de um ambiente, coisa que ela fazia à perfeição. Por isso mesmo, vivia preocupada com o desejo da maioria das pessoas de seguir padrões, ficar parecido com os demais, parecendo clones. Ela deve ter tido seus conflitos com isso, já que comentava que seu estilo só tinha começado a se desenhar como o conhecemos, depois dos 50 anos, dois divórcios e sua mudança definitiva para Nova York

Ela acreditava que poderia, com seu exemplo, inspirar os jovens a não ter medo de envelhecer e os mais velhos a não se aposentarem de suas próprias vidas. Zelda é uma daquelas pessoas que realmente faz a gente parar para pensar no jeito como levamos nossas vidas. Segundo ela, o segredo para permanecer jovem e cheio dessa tal de vida é estar interessado no mundo e não no próprio umbigo.

Zelda e seu anel de borboleta, símbolo de fertilidade na tribo africana Bobo.

Esse anel nas fotos era parte integrante do visual de Zelda, esta figura que eu adorava acompanhar nas colunas sociais. O que pouca gente sabe é que, além de festeira e ícone fashion, ela foi uma cidadã do mundo, globetrotter mesmo, e se dedicou a inúmeras causas humanitárias, sendo a mais importante delas o combate à mutilação genital feminina. Daí estar sempre com este anel na mão esquerda, que lembrava a todos de sua causa.

Ela não era o máximo?

Primeira fila do desfile de Joanna Mastroianni, no dia 15 de fevereiro de 2012, em plena semana de moda de Nova York. Zelda minutos antes de fazer puff e virar purpurina.

Soube da morte de Zelda Kaplan no mesmo dia em que chegou meu catálogo da exposição Iris Apfel – Rare Bird of Fashion – a outra figura emblemática do estilo em idade avançada. Passei dias folheando o livro e pensando nessas duas mulheres incríveis. Por causa de uma gravação no meu IGTV, tive vontade de revisitar meu encantamento por essas duas personagens extraordinárias e dividi-lo com vocês.

Viva a vida!

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